Ler Mais

You Are My Life

Leia agora o primeiro capítulo dessa história recheada de dramas envolventes
Ler Mais

Slide 2 Title Here

Slide 2 Description Here
Ler Mais

Slide 3 Title Here

Slide 3 Description Here
Ler Mais

Slide 4 Title Here

Slide 4 Description Here
Ler Mais

Slide 5 Title Here

Slide 5 Description Here
Ler Mais

Slide 6 Title Here

Slide 6 Description Here

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Capítulo 3 - Surpresa no meio da noite

Notas iniciais:

Um agradecimento especial à querida Mayuri-chan, minha stalker super fofa <3 Quem diria que, ao te oferecer uma fanfic como presente de aniversário, eu ia ganhar em troca esse presente tão especial que é a sua amizade. Obrigada pelo apoio e por sempre lembrar de mim, mesmo com a sua rotina tão corrida <3

Cheeeeega de papo!!!! Boa leitura!!


Capítulo 3 - Surpresa no meio da noite


Já era noite quando Tokiya chegou em casa. Entrou, trancou a porta e jogou suas chaves na mesa de centro. Seguiu-se um barulho estridente, quando o metal retiniu contra o vidro. Retirou o casaco umedecido e jogou-o em cima do sofá. Sorriu ao pensar que esse ato enlouqueceria o Ittoki se ele estivesse ali, pois o ruivo sempre fora meticuloso com todos os móveis da casa. Surtava se via algo fora do lugar. A lembrança fez seu peito doer e o sorriso morrer em seu rosto.
Retirou o celular e a carteira do bolso de trás da calça e jogou-os em um canto qualquer. Ele sentia mais falta de Otoya do que gostaria de admitir. Com frequência se lembrava da última vez que falou com ele, quando disse que ele não precisava mais voltar, se tivesse mesmo coragem de ir embora. Hoje desejava nunca ter dito aquilo, pois Otoya sempre levara suas palavras muito a sério. Daquela vez não foi diferente, e o ruivo nunca mais retornara.
Estava exausto. Meses se passaram desde que a turnê se iniciara e aquela era a primeira vez desde então que voltara para casa. Tudo o que queria era tomar um banho e dormir.
Lá fora, o vento rugia, e o céu castigava com toda sua ira os pobres infelizes que haviam esquecido o guarda-chuva. Um relâmpago cruzou o céu, fazendo a noite virar dia momentaneamente. Logo em seguida, o rugido ensurdecedor bradou imponente.
Tokiya entrou debaixo do chuveiro, gemendo satisfeito quando a água escaldante tocou em sua pele. Fechou os olhos e baixou a cabeça, sentindo a água relaxar seus músculos cansados da longa viagem.
Ao terminar o demorado banho, a luz piscou e apagou de vez. Tokiya agradeceu por ter tido tempo de se banhar, mas lamentou não poder mais ligar o aquecedor para dormir, pois era uma noite fria. Abriu a porta minimamente, para que o brilho fraco das lâmpadas de emergência lhe dessem alguma luz para se enxugar e se vestir, mas isso não o impediu de bater os cotovelos inúmeras vezes nas paredes. Seu corpo estremeceu e se arrepiou quando o ar gelado vindo do apartamento tocou sua pele quente.
Ao sair do banheiro, notou algo diferente no ar. De repente, teve a sensação de estar sendo vigiado.
- “Tem alguém aqui.” – Concluiu. Se alguém lhe perguntasse como sabia disso, ele provavelmente não saberia responder. Discretamente, se moveu à uma mesa perto da porta do banheiro, abriu a gaveta e retirou um objeto de lá.
- Quem está aí? – Indagou. O braço erguido em posição de defesa na altura do rosto exibia um canivete já aberto.
Com o canto dos olhos, percebeu um movimento e se virou rapidamente para a porta de vidro que dava acesso à varanda, naquele momento com as cortinas fechadas. Seu coração falhou uma batida ao ver a silhueta escura de uma pessoa.
- Quem é você? Mostre o seu rosto!
- Você não mudou nada. Continua sensitivo.
O Ichinose arregalou os olhos.
- Essa voz... não pode ser...
A pessoa desconhecida deu alguns passos em direção à claridade.
- Sou eu. - Respondeu Otoya Ittoki.
- Otoya!? – O queixo de Tokiya caiu.
O olhar dos dois se cruzou e perderam-se em lembranças pelo que pareceu uma eternidade. Tokiya cogitou a hipótese de estar sonhando novamente, mas concluiu que nenhuma pessoa normal conseguiria dormir com o temporal que caía lá fora. O coração batia com força no peito, as palavras que ensaiara há tanto tempo, guardadas para o dia que Otoya retornasse, ficaram esquecidas em um canto de sua mente. Ele não conseguiu pensar em nada para dizer naquele momento, e percebeu que, apesar de sempre ter desejado que Otoya voltasse, não estava de fato preparado para esse momento. Nem sabia ao certo se o aceitaria.
- Tadaima.* - Disse o ruivo. Um sorriso hesitante moldava seus lábios.
Mas Tokiya permaneceu calado, não respondendo ao cumprimento. As palavras ásperas trocadas naquele dia voltavam à sua mente, impedindo-o de seguir o forte impulso que sentia de correr e abraçá-lo. Otoya mudou o peso do corpo de um pé para outro, constrangido pelo silêncio de Tokiya.
- Hum... Eu queria conversar com você...
Tokiya relaxou o corpo e olhou para baixo. Seu rosto era uma máscara indecifrável, desprovida de emoções. Quando olhou novamente para os olhos do Ittoki, o ruivo se assustou e recuou um passo. A postura de Tokiya era calma, como se ele não ligasse para o fato de Otoya estar bem ali na sua frente.
- Sobre o que? – Perguntou calmamente, sua voz não passava de um mero sussurro.
- Como assim "sobre o que"? Sobre nós!
- Não existe mais "nós". Acabou quando você foi embora, lembra?
- Tokiya... – Ele avançou um passo com um braço estendido, como se quisesse tocá-lo.
- Não. Pode parar. – Disse com a voz dura. Otoya encolheu o braço junto ao corpo, apreensivo.
- Mas eu nem falei nada! - Protestou.
- Nem precisa! - Fez uma breve pausa. Otoya abriu a boca para falar, mas ele o cortou novamente. - Três anos, Otoya! E agora, de repente você aparece pra me dizer o que? Que quer voltar?
Otoya não respondeu. O coração martelava em seu peito, com medo de ser expulso a qualquer momento.
- E aí, - Debochou o moreno. - Pretende ficar quanto tempo dessa vez? O recorde é de 1 ano e 8 meses.
Sabiamente, o ruivo permaneceu calado. Observou com atenção o modo como Tokiya passava as mãos pelos cabelos úmidos, deixando óbvio que ele não estava preparado para aquela conversa. Ele não o culpava.
- Eu não posso passar por isso de novo, Otoya. Eu não consigo...
- Eu também não consigo... - Começou, atraindo o olhar de Tokiya novamente para si. - Eu tentei levar uma vida normal, te esquecer, mas não consigo ficar longe de você. Você faz parte de mim, é como se eu morresse um pouco a cada dia que eu fico longe de você. Não consigo mais... não posso... eu preciso estar nos seus braços novamente.
Uma lufada de vento entrou pela ventarola aberta da janela, jogando a cortina para longe. Nenhum dos dois deu atenção ao fato.
- Depois de todo esse tempo?
- Sempre.
Tokiya se aproximou. Quando finalmente ficaram frente à frente, o moreno olhou bem no fundo de seus olhos e o que viu ali o surpreendeu. Os olhos de Otoya sempre exibiram uma grande baixa estima e falta de confiança em si mesmo. Mas naquela vez era diferente, Otoya acreditava profundamente que o que estava fazendo era o certo, e isso se refletia em seu olhar.
- Por favor... - Implorou. - me dá mais uma chance. Eu mudei.
- Você disse isso na última vez também.
- Dessa vez é sério. Acredita em mim. - Como Tokiya permaneceu impassível, ele continuou. – Deixa eu te provar o quanto eu estou falando sério. Deixa eu te mostrar a força dos meus sentimentos por você.
O coração de Otoya falhou várias batidas quando Tokiya desviou o olhar e se afastou dele, indo até o sofá e procurando o casaco que havia deixado ali mais cedo. Ele não estava mais ali, estava pendurado ao lado da porta.
- “Otoya deve ter colocado ali.” – Pensou, indo até lá e pegando-o.
- Onde você vai? – Perguntou o ruivo, hesitante.
- Eu preciso pensar. Não posso te dar uma resposta assim, do nada. – Ele pegou a chave do carro. – Pode ficar aqui essa noite, eu vou dormir na casa do Cecil.
Já estava a um passo da porta quando os braços de Otoya o envolveram e o fizeram parar.
- Por favor, não vá! – Implorou, desesperado.
- Me solta. – Pediu, forçando os braços.
- Não! Não me deixe sozinho.
Tokiya permaneceu parado, sem saber o que fazer. Não havia meios de afastar Otoya sem magoá-lo.
Enquanto refletia, pode sentir em seus braços e costas o quanto Otoya estava gelado. Conforme os minutos se passaram, começou a sentir a umidade do corpo do ruivo passar para o seu.
- Otoya, você pegou toda essa chuva?!
Ele se afastou bruscamente, pegando Otoya de surpresa. Pela primeira vez, ele reparou nos trajes do Ittoki, uma camisa branca, totalmente inadequada para o frio que fazia, e uma calça jeans, que agora ele podia ver que estava encharcada.
- Droga, no que você estava pensando? Quer ficar doente?!
- Eu acabei vindo só com a roupa do corpo... Não imaginei que ia esfriar tanto agora à noite.
Tokiya o olhava completamente incrédulo.
- Francamente! – Exclamou, colocando uma mão no rosto. – O que está esperando, tire logo essa roupa molhada! – Ordenou. – Eu vou pegar roupas secas pra você.
Enquanto Tokiya ia rapidamente ao quarto, Otoya começou a se despir, sem conseguir evitar que um sorriso se espalhasse em seu rosto.
- Ele ainda se preocupa comigo...
Assim que terminou de tirar a calça, Tokiya retornou, passando algumas de suas roupas para ele.
- Tome, vista essas. – E ficou observando enquanto o ruivo se vestia. Quando ele terminou, Tokiya colocou uma mão em sua testa e a outra na do ruivo. – Parece que não tem febre. Mas você precisa se aquecer, vem.
E pegou em sua mão, guiando-o até o quarto. Otoya, que andava atrás de Tokiya, olhava de suas mãos dadas para as costas do homem que amava. Não conseguiu evitar que seu rosto corasse com a atenção que ele lhe dava. De repente, era como se estivessem de volta aos velhos tempos.
Ao entrarem no quarto, o Ichinose o soltou para arrumar a cama. Otoya colocou aquela mão junto ao peito, desejando que a sensação da mão de Tokiya na sua nunca mais se apagasse. Observou o quarto com atenção, ainda era do mesmo jeito que ele se lembrava. Não havia nada novo nem nada faltando, era tudo igual.
- Vem. – Chamou Tokiya, o tirando de seus pensamentos.
Um tanto hesitante, Otoya deitou-se naquela cama que já fora dele um dia. Tokiya o cobriu e o ruivo se sentiu aquecido não só pela coberta, mas também pelos gestos do outro.
Já o Ichinose se encontrava em um grande dilema. Não queria deixar Otoya sozinho, tinha medo que ele tivesse febre durante a noite, mas ao mesmo tempo queria sair para poder pensar. Ele suspirou e se sentou na poltrona que havia na frente da janela. Decidiu que poderia pensar ali mesmo, enquanto o Ittoki dormia.
O tempo passou. Meia-noite, uma da manhã. A energia ainda não retornara, e, tomado pelo frio, Tokiya levantou-se e foi até o armário, pegando um cobertor para si. Ao retornar para a poltrona, viu Otoya sentado na cama, o acompanhando com um olhar um tanto apreensivo.
- Não consegue dormir? – Perguntou o moreno.
O ruivo balançou a cabeça negativamente. Na verdade, Otoya teve medo de que ele fosse embora.
- Está aquecido, pelo menos?
Otoya desviou o olhar, abriu a boca para dizer algo, mas fechou-a em seguida.
- Diga. – Encorajou.
- Eu... me aqueceria melhor se você estivesse aqui comigo. – Sussurrou.
Ele esperou por vários segundos alguma reação de Tokiya, acompanhado pelo coração que martelava forte, ameaçando sair pela boca. Mesmo no escuro, era possível perceber sua face se ruborizando. Um minuto inteiro se passou sem que houvesse uma resposta de Tokiya. Se sentindo completamente idiota, o ruivo se deitou de repente, envergonhado, cobrindo-se o máximo que conseguia.
- Esquece o que eu disse.
Se chutou mentalmente.
“No que eu estava pensando!? Como se ele fosse se deitar comigo só porque eu quero. Sou um idiota mesmo.”
Ele ouviu quando Tokiya voltou para a poltrona e virou-se para o outro lado, dando as costas a ele.
“Que vergonha... É melhor eu ir embora bem cedo amanhã. Não sei nem o que estou fazendo aqui, era óbvio que ele não ia me aceitar, ele mesmo disse isso.”
Lógico que ele não tinha como saber que aquilo não era totalmente verdade. Sentado na poltrona, Tokiya o observava com uma dúvida terrível queimando seu peito.
“Não deve ter sido fácil para ele decidir voltar. Não depois do que dissemos daquela vez... De onde ele tirou essa coragem? Ele não era assim antes.”
Ele mordeu uma unha.
“Se eu o aceitasse... será que seria diferente, como ele diz? Não! Eu não posso cair nessa conversa de novo. Mas... e se...”
Passou as mãos nos cabelos, frustrado, lembrando-se das palavras do ruivo. ”Eu... me aqueceria melhor se você estivesse aqui comigo”
“Esse seu pedido não está facilitando as coisas pra mim, Otoya!”
Algum tempo depois, a respiração de Otoya se tornou pesada e Tokiya soube que ele finalmente dormira.
“Ele dormiu...” Se sentindo completamente perdido, Tokiya pega o celular e manda uma mensagem para Ren.
“Está acordado?”
Ele sabia que Masato estava com ele, então era mais provável que estivesse. O Jinguji respondeu 20 minutos depois.
“Estou. O que VOCÊ está fazendo acordado essa hora?”
Todo mundo sabia que Tokiya gostava de dormir cedo, ainda mais depois de voltar de uma turnê.
“Otoya está aqui”
“Isso é ótimo!!!”
“Eu não sei o que fazer...”
Houve uma longa pausa, provavelmente ele estava contando a novidade para Masato.
“Ichinose, é o Masato. Vou te dar um conselho que Ren e eu concordamos: siga o seu coração”
“Siga o seu coração...” Tokiya ruminou aquelas palavras por vários minutos. O que o seu coração queria?
“Meu coração quer Otoya aqui. Mas ele sempre foi um tolo...”
“Isso vai te fazer feliz?”
“Você sabe que sim”
“Então a resposta é óbvia, não acha?”
“Mas e se não der certo de novo?”
“Francamente, você está parecendo o Otoya falando! Eu achei que ele que era o inseguro nessa relação!”
Tokiya ergueu uma sobrancelha com o sermão.
“Pra você é fácil criticar, o relacionamento de vocês sempre foi estável. Não é cheio de idas e vindas como Otoya e eu”
“Isso é porque nós temos confiança mútua. Enquanto vocês dois não tiverem isso, nunca vai dar certo. Pense, Tokiya, como você espera que esse relacionamento engate se você o aceitar já pensando que vocês dois não têm futuro?? Se for assim, é melhor mandar ele embora, porque não vai dar certo mesmo”
Ele apertou os lábios. Masato tinha razão, ele sabia disso, mas o histórico de brigas e discussões entre ele e Otoya não podia ser apagado assim, de uma hora pra outra.
“Confiança mútua... mas nós confiamos um no outro, não é? Ou pelo menos confiávamos...”
“Ichi, é o Ren. Desculpa pela falta de tato do Masato, sabe como ele é. Mas eu reforço o que ele disse, confiança é essencial se vocês quiserem mesmo ficar juntos.”
“Tudo bem. Obrigado pelos conselhos.”
“Você vai ficar bem?”
“Vou”
Bateu o celular no queixo, pensativo. “Deixa eu te mostrar a força dos meus sentimentos por você”
“Qual é a força dos MEUS sentimentos por ele?”
Essa pergunta era muito fácil de responder, ele mesmo sabia a resposta. Masato tinha razão, a resposta para o seu dilema era muito óbvia.
Sentindo cada fibra de seu corpo pedir por Otoya, Tokiya levantou-se, deixando o cobertor que usava cair aos seus pés. Parou ao lado da cama e devagar afastou as cobertas, deitando-se atrás dele e o envolvendo em seus braços. Finalmente Otoya estava em seu lugar de direito outra vez.
“Ele realmente está gelado.”
Tokiya cheirou seus cabelos, sentindo aquela fragrância que ele tanto sentira falta. Ele sabia que assim que Otoya acordasse, não poderia mais voltar atrás.
“Mas eu não quero voltar atrás. Eu quero ele aqui.” Concluiu.
Aos poucos, pode sentir o calor tomar conta de seus corpos. Otoya se mexeu, ainda adormecido, e abraçou o braço de Tokiya que o envolvia. Mesmo em seu sono, ele suspirou contente, como se pudesse sentir que seu amado estava do seu lado.
- Tokiya...
- Durma... meu amor.
oOo
Otoya percebeu a mudança brusca de sua temperatura corporal, tornando a cama um lugar mais confortável e aconchegante. Sentiu um braço o envolvendo, “coisa da minha cabeça”, pensou. Embriagado pelo sono, ele não se lembrava mais de onde estava, e imaginar que Tokiya estava ali com ele era tão comum, que ele não deu bola para o fato. Como fizera tantas vezes antes, se imaginou abraçando o braço que o envolvia e suspirou.
- Tokiya... – Chamou.
- Duma... meu amor.
Ele abriu os olhos de repente. Em seus devaneios, Tokiya nunca respondera ao seu chamado. Por um momento ficou perdido, mas aos poucos as sensações tomaram conta de seu corpo e ele percebeu que o abraço não era imaginário.
“Isso é... Tokiya...? Não pode ser! Ele... está aqui mesmo...”
Engoliu em seco, não ousando se mexer. Tinha medo que Tokiya saísse se o fizesse. Dentro de si, uma euforia tomou conta de seu corpo, o coração ribombou forte em seu peito. Em suas costas, ele podia sentir os batimentos cardíacos de Tokiya, tão fortes quanto os seus.
“Será que ele está acordado?”
Como se lesse seus pensamentos, Tokiya se mexeu, o apertando em seus braços e, usando um cotovelo como apoio, encostou sua face à de Otoya.
- Você... está me perdoando? – Arriscou o ruivo. Tokiya o respondeu afastando seu corpo minimamente e, com o braço que o envolvia, o fez ficar de costas na cama. Seus rostos estavam muito próximos, Otoya podia sentir a respiração do maior em sua face. Não pode resistir, seu olhar desceu para sua boca e percebeu o moreno fazer o mesmo.
Uma mão de Tokiya pousou em seu rosto, acariciando sua bochecha, o polegar logo descendo para seus lábios. Ele os abriu minimamente, ao mesmo tempo que inclinava o corpo e unia os seus aos dele, em um beijo terno que era ansiado à muito.
Era como se fosse a primeira vez que eles se beijavam. Os lábios tímidos se mexiam pouco a pouco, deixando o ar escapar entre eles à medida que a respiração se fazia necessária. Então eles pararam e se separaram somente o suficiente para poderem se olhar nos olhos.
- Okaeri*. – Disse Tokiya. Ele viu os olhos de Otoya se encherem de lágrimas e transbordarem pelos cantos, escorrendo para o travesseiro. Um sorriso que era típico do Ittoki iluminou seu rosto, aquecendo o coração de Tokiya e o fazendo sorrir também.
Otoya levou uma mão aos seus cabelos, puxando-o para baixo novamente. O beijo que se seguiu não era mais como o anterior, era mais urgente e cheio de saudade. Em um movimento brusco, Otoya o empurrou contra a cama, colocando-se parcialmente acima de si, unindo seus lábios imediatamente. Com a mão, segurou seu queixo e abriu mais a boca do moreno, dando espaço para sua língua. Tokiya gemeu com a intensidade do ruivo, o som sendo abafado pelos lábios vorazes de Otoya.
Procurando mais contato, Tokiya o puxou mais para cima de si, e Otoya respondeu colocando uma perna de cada lado de seu corpo, deitando-se completamente em cima dele. Eles mexiam os quadris suavemente, e Otoya cerrou o ósculo, pairando acima de Tokiya com os braços esticados, uma mão de cada lado de sua cabeça. Seu quadril dançava sobre o de Tokiya, provocando sensações que eles não sentiam há muito tempo.
As mãos do moreno desceram, segurando seu corpo e intensificando os movimentos do ruivo. Gemidos se fizeram ouvir. Quando os braços de Otoya cansaram, ele se deitou novamente, se apoiando somente com o antebraço. Sua cabeça se depositou ao lado da de Tokiya, que continuava encorajando os movimentos de Otoya. O ruivo gemeu em seu ouvido, que sentiu o sangue pulsar em sua virilha.
Então as mãos do moreno subiram um pouco, segurando a camiseta que Otoya usava.
- Tira. – Sussurrou.
O ruivo sentou em seu colo e obedeceu imediatamente, enquanto Tokiya retirava a própria camiseta. Suas mãos se espalmaram no peito do ruivo, os polegares acariciando seus mamilos em círculos. Então ele se sentou também e tomou um deles em sua boca, ora circundando com a língua, ora fazendo movimentos para cima e para baixo, ora chupando-os com afinco. Otoya suspirava de prazer, as mãos acariciando seus cabelos.
Num movimento único, Tokiya girou o corpo e jogou Otoya de costas na cama, atacando os mamilos dele novamente. Otoya segurava as cobertas com força, o corpo se arqueando conforme as ondas de prazer o percorriam. Então Tokiya mordeu seu mamilo direito e o puxou, como ele sabia que o ruivo gostava, e Otoya soltou um grito involuntário. Espantado com sua própria reação, o Ittoki tampou sua boca, corando violentamente, enquanto Tokiya o encarava divertido.
- Está sensível, não é?
Otoya apenas virou a cabeça para o lado, envergonhado, mas Tokiya a virou novamente, cerrando seus lábios em um selinho demorado. Quando Otoya o abraçou, Tokiya pegou seus braços e os colocou acima de sua cabeça, de um jeito nada delicado. Ele desceu para o seu pescoço, lambendo-o de cima a baixo, arrancando um suspiro longo do Ittoki. Então ele foi descendo devagar, ao mesmo tempo em que suas mãos desciam pelos braços esticados de Otoya. Ao passar por seu antebraço, seu cenho se franziu. Onde a pele geralmente é macia e desprovida de pelos, havia uma parte mais grossa, como se houvesse uma cicatriz muito grande ali.
Ele ergueu o corpo.
- O que é isso no seu braço?
- Nada que valha a pena conversar agora. Continua... – Pediu, mas recebeu um olhar desconfiado de Tokiya. – Eu vou te contar o que você quiser, mas não agora. Por favor... – Ele arqueou o corpo e o abraçou com as pernas. – Nesse momento, só me deixe sentir você.
Se sentindo derrotado diante do olhar suplicante do Ittoki, Tokiya abaixou-se novamente, beijando seu peito e descendo devagar para a sua barriga. Lambeu seu umbigo, descendo devagar para o seu ventre, encontrando o cós da calça. Tokiya o ignorou e continuou sua descida, chegando finalmente ao grande volume que havia ali. Ele o lambeu por cima da calça, arrancando suspiros de Otoya, e desceu mais um pouco, fazendo o mesmo com seus testículos. Os colocou na boca, e o ruivo gritou novamente.
Usando a própria boca, Tokiya puxou a calça para baixo e fez o mesmo com a cueca, liberando a ereção pulsante de Otoya. Sem usar as mãos, lambeu toda a extensão do falo do ruivo. Ao chegar na ponta, inclinou a cabeça e o colocou inteiro na boca.
Otoya soltou uma exclamação misturada a um grito e arqueou as costas. Aquela sensação era maravilhosa, ver seu pênis entrar e sair da boca de Tokiya, ouvir os sons eróticos que esse ato produzia e os baixos gemidos que saiam do fundo da garganta do Ichinose o enchiam de tesão. Tokiya acelerava, colocando tudo na boca e diminuía de repente, chupando a glande intensamente.
- Eu vou enlouquecer assim!! – Otoya gritou, se contorcendo, mas o Ichinose não parou. Continuou naquele ritmo, oscilando entre rápido e devagar. Ele não poderia aguentar muito mais tempo se Tokiya continuasse daquele jeito, e o moreno sabia disso também. Quando seus gemidos se tornaram gritos e seu pênis ficou mais duro, ele parou.
Sentou-se na cama, observando o ruivo ofegar e seu corpo estremecer. Ele mantinha um braço na frente dos olhos, e mesmo que Tokiya já tivesse parado, os gemidos continuaram, reação causada pelo prazer que corria seu corpo. Quando ele parou de tremer e sua respiração normalizou, tirou o braço que tampava sua visão e se deparou com Tokiya já completamente nu, acariciando seu próprio membro para mantê-lo ereto. Não que isso fosse necessário.
- Eu quase gozei agora... – Admitiu.
- Eu sei. – Tokiya sorriu de forma doce para ele.
- Eu também quero te dar prazer. – Disse o ruivo, se apoiando nos cotovelos.
- Você já vai me dar. Tenha paciência. – Ele se inclinou para o ruivo e beijou seus lábios rapidamente. Quando se afastou novamente, uma de suas mãos pousou no ombro do ruivo, forçando-o a se virar. Otoya atendeu ao pedido prontamente, apoiando o rosto no travesseiro e empinando o traseiro, proporcionando uma bela vista ao Ichinose, que assobiou aprovando o que via. Ele se inclinou, dando uma mordida de cada lado. Então ele esticou um braço e pegou algo na gaveta do criado mudo ao lado da cama. Por estar em uma posição desfavorável, o Ittoki não conseguiu ver o que era.
- O que você-
Ele soltou um grito abafado de surpresa ao sentir uma coisa úmida e gelada pingar em sua entrada. Ao sentir o dedo de Tokiya espalhando o produto, se deu conta do que era.
- Lubrificante? Você nunca precisou disso comigo.
- Foram três anos sem usar essa parte do seu corpo para isso, e eu não quero te machucar. – Ele parou os movimentos, encarando a nuca de Otoya – A não ser-
- “A não ser” nada. – Censurou Otoya, encarando Tokiya por cima do ombro. – Não ouse terminar essa frase, Tokiya Ichinose.
- Tá bem, tá bem, me desculpa.
Ele continuou os movimentos, adicionando mais lubrificante aos poucos.
- Mesmo assim, – Continuou o ruivo. – você não precisava... Oh, droga! – A exclamação veio quando Tokiya inseriu um dedo lambuzado dentro dele e iniciou lentos movimentos de vai e vem. Otoya arqueou as costas, sentindo aquela invasão gostosa em seu corpo.
Tokiya observou com um meio sorriso Otoya encerrar qualquer assunto banal. Os únicos sons que saíam de sua boca agora eram gemidos eróticos e sussurros desconexos. Resolveu torturá-lo um pouco mais. Retirou o dedo e lambuzou dois deles, ao mesmo tempo que o ruivo soltou um resmungo pela interrupção em sua carícia, em seguida introduzindo os dois de uma vez. O gemido sôfrego de Otoya chegou em seus ouvidos e provocou uma reação imediata em seu pênis entumecido. Ele ansiava por estar dentro do ruivo, mas precisava ir com muita cautela para não machucá-lo.
Os movimentos ficaram mais rápidos, assim como os gemidos de Otoya se tornaram mais altos e urgentes. O ruivo sentia que já estava em seu limite, não era capaz de aguentar mais aquilo.
- T-Tokiya... por favor... – Ele olhou por cima do ombro novamente, encontrando as esferas azuis de seu amado. – Eu não consigo mais... Eu estou no meu limite.
Tokiya percebeu que era verdade ao ver seu corpo trêmulo, a maneira como ele segurava firme o lençol, e principalmente, na expressão em seu rosto extremamente corado. Ele retirou seus dedos, pegando o tubo de lubrificante e espalhando um pouco em seu próprio membro. Otoya já estava mais do que preparado para ele.
- Estou entrando. – Avisou, encostando seu pênis em sua entrada e forçando-o até a glande entrar. Otoya arfou e engoliu um palavrão. Aquilo doeu mais do que ele se lembrava.
Ao perceber a forma como o ruivo se encolhera, Tokiya parou, fazendo leves carinhos em suas costas.
- Tudo bem?
- Sim... só... só me dá um tempo pra acostumar... – Passou-se alguns segundos, e Otoya deu a permissão para continuar.
Ele apertava o travesseiro com força, sentindo sua entrada arder conforme Tokiya entrava.
- Oh, droga! Você é tão grande!
- Calma, já vai passar. – Depositou um beijo em suas costas, levando uma das mãos até seu membro. Devido à dor da penetração, um pouco da rigidez se perdera, e ele iniciou um vai e vem para deixá-lo duro novamente. Mas era difícil se concentrar quando as paredes internas de Otoya o comprimiam com força. Ele podia sentir o interior dele pulsar, como se quisesse expulsá-lo, e aquela sensação era altamente prazerosa para ele. – Otoya, eu não posso mais me segurar... – Sua voz era suplicante.
- Pode se mover... – Mesmo não se sentindo pronto ainda, deu a permissão que o moreno tanto desejava.
Imediatamente, ele iniciou os movimentos lentos de vai e vem.
- Você está tão apertado... – Franziu o cenho preocupado, aquilo devia estar doendo muito. – Otoya, se estiver doendo, me avisa que eu paro.
- É claro que está doendo. – Declarou. Tokiya parou imediatamente. – Mas eu não quero que você pare. Eu quero que faça amor comigo até que nossos corpos se fundam.
O moreno saiu de dentro dele e virou-o de costas na cama. Pegou o tubo de lubrificante e passou mais um pouco na extensão de seu membro, posicionou-se no meio de suas pernas e penetrou-o novamente, ao mesmo tempo que tomava seus lábios em um beijo carinhoso. Otoya gemeu desconfortável, embora tenha sentido menos dor dessa vez.
Tokiya continuou devagar, sentindo mais confiança ao ver que a expressão do ruivo suavizara. Aos poucos, a dor foi substituída pelo prazer, e o ruivo começou a gemer de satisfação. Em seus olhos, havia um pedido mudo por mais, que foi compreendida pelo Ichinose. Confirmando seu pedido, o ruivo o abraçou com as pernas, ao mesmo tempo que o moreno aumentava o ritmo.
Palavras não eram necessárias. Eles eram capazes de se entender com apenas um olhar, um gemido, uma carícia. Nesse momento, eles se perguntavam como conseguiram viver tantos anos longe um do outro. Eles percebiam agora como precisavam do corpo um do outro para sentirem que estavam vivos.
Dentro de seu corpo, Otoya sentiu um choque diferente, que o fez gritar inesperadamente. Tokiya limitou-se a sorrir e dizer.
- Acertei, não é? – Referia-se ao seu ponto de prazer.
- A-hãnnn... – Respondeu entre um grito e um gemido, pois Tokiya continuou a acertar aquele local que o enlouquecia.
Agora que o ruivo não sentia mais dor, Tokiya virou-o novamente para a posição inicial, dessa vez segurando seus braços para trás enquanto o penetrava com força. Otoya não conseguia controlar seus gemidos, assim como Tokiya não era mais capaz de controlar seu corpo.
- T-Tokiya... – Gemeu Otoya. Várias sensações diferentes percorriam seu corpo. – Isso! – Gritava quando o moreno acertava novamente aquele ponto dentro de si.
Já Tokiya estava se segurando para não atingir o orgasmo. Queria dar o máximo de prazer para Otoya, então diminuiu bruscamente.
- Não... continua... – Pediu o ruivo.
- Se continuar daquele jeito, eu vou gozar.
- Pode gozar. – O ruivo olhou por cima do ombro suplicante. – Vamos, Tokiya...
- Droga... – Exclamou, se sentindo derrotado. – Quando foi que eu consegui negar um pedido seu?
Ele o puxou para si, colando seus corpos e unindo seus lábios em um beijo carnal. Quando se separaram, Otoya inclinou o corpo, ficando de quatro enquanto se segurava na cabeceira da cama.
O Ichinose recomeçou as estocadas fortes. Otoya jogou a cabeça para trás, gemendo alto, sentindo seu corpo começar a tremer. Ele podia gozar a qualquer momento.
- Tokiya... não consigo mais...
Então o orgasmo veio, forte, fazendo o corpo de Otoya ter espasmos involuntários. Ele gritou, sentindo que Tokiya também atingira o clímax. Seu líquido o preenchia, quente, o fruto do seu prazer máximo.
Eles permaneceram conectados por mais algum tempo, até que o orgasmo se dissipasse completamente. Então, Tokiya saiu de dentro dele e caiu de costas na cama, ofegante. Nesse momento, a energia retornou e a luz acendeu. O olhar dos dois amantes se encontrou, Tokiya deitado e Otoya sentado sobre as pernas, os braços apoiados na cama.
Casualmente, o olhar de Tokiya desceu e pousou no braço de Otoya. Ele pode ver várias cicatrizes nítidas, uma abaixo da outra, cobrindo toda a extensão de seu antebraço. Ele se apoiou nos cotovelos, assustado, e encarou Otoya. O ruivo encolheu os braços, escondendo aquilo que o envergonhava. Ele desviou o olhar.
- Otoya-
- Amanhã. – Cortou-o.
- Mas-
- Por favor! – Tokiya podia ver a dor em seu olhar. Não era um assunto fácil para o Ittoki, se ele não queria falar nisso agora, Tokiya não iria forçá-lo.
- Tudo bem. Mas amanhã eu quero ouvir tudo.
Ele se sentou na cama e lhe deu um selinho.
- Ok?
- Ok. – Concordou o ruivo. – Eu vou tomar um banho.
Quando ele retornou, Tokiya havia trocado o lençol e já o esperava deitado. Ao vê-lo, Tokiya lhe deu o seu sorriso mais caloroso e abriu os braços para recebê-lo. Ao se deitar em seu peito, Otoya se sentiu seguro, amado, e seu coração se aqueceu. Ele sentiu que poderia falar com Tokiya sobre aquele assunto que era um tabu para ele, e de alguma forma, sabia que ele não o julgaria.
- Tokiya?
- Hum?
- Eu te amo.
Tokiya depositou um beijo em sua testa.
- Eu também.



Notas finais:

Eu sei que o final não ficou lá essas coisas, acabei de finalizar o capítulo e queria postar hoje ainda. Me perdoem.
Se você gostou, deixe um comentário para que eu saiba XD

Beijos de nutella da Hime <3
Ler Mais

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Capítulo 2 - Um pequeno empurrão

Notas iniciais:

Um beijão para a querida Mayuri, que me pediu pra escrever mais sobre esse casal, me inspirando a escrever essa fic!


Capítulo 2 - Um pequeno empurrão


Algumas semanas haviam se passado. O Starish tinha um show marcado pra daqui a algumas semanas, portanto a rotina de ensaios ficara longa e cansativa. Com o cansaço acumulado, o Ichinose não sonhava mais com coisa alguma, para seu grande alívio. Não que isso o impedisse de pensar em Otoya quando estava acordado. Ele queria muito poder fazer algo a respeito disso, mas o ruivo invadia seus pensamentos quando ele menos esperava, fazendo-o perder a concentração no que quer que estivesse fazendo.
Aquele seria mais um dia intenso de ensaios. Levantara cedo e fora direto para o chuveiro, onde demorou mais do que o de costume. Culpa da sua constante falta de foco.
Enquanto se banhava, a porta de seu apartamento se abriu e os cinco membros restantes do Starish entraram sorrateiramente. O último a entrar fechou a porta lentamente. Assim que o clique suave se fez ouvir, puderam escutar o barulho do chuveiro e se entreolharam. Imediatamente, iniciaram uma busca por toda a sala, sem saberem ao certo o que estavam procurando.
Passados alguns minutos, Masato chamou a atenção de todos. Em seus dedos havia um objeto fino e comprido. Todos se reuniram em volta dele.
- Um... cigarro? - Sussurrou Syo, confuso. - Ele não fuma!
- É um cigarro eletrônico.
- E pelo visto, sem cheiro. - Concluiu Ren, ao perceber que o local não tinha qualquer cheiro de tabaco.
- Por isso nunca percebemos. - Continuou Cecil.
Masato depositou o objeto no mesmo lugar que havia pego e continuou procurando por mais alguma coisa que não deveria estar ali. Em cima da mesa de centro, estava seu celular. Natsuki o encontrou e o desbloqueou. Tokiya nem sequer sonhava que ele sabia a sua senha, e o Shinomiya preferia que continuasse assim. Quando a tela principal se revelou, Natsuki a admirou por um tempo. Um sorriso nostálgico se formou em seu rosto ao reconhecer a figura sorridente na foto. A cabeleira ruiva emoldurava seu rosto e o ícone do WhatsApp havia sido colocado cuidadosamente de modo que não o cobrisse.
Cecil parou atrás dele, olhando sob seu ombro.
- Ele ainda usa a mesma foto.
- Isso é tão triste, não é? - O loiro devolveu o celular ao seu local de origem. - Ter acabado desse jeito.
- Será que não podemos fazer nada?
- O que vocês estão fazendo aqui? - Perguntou indignado o Ichinose, ao sair do banheiro só com a toalha enrolada na cintura.
Os cinco rapazes suprimiram um grito de susto. Apuraram os ouvidos e perceberam que o chuveiro ainda estava ligado. Com certeza Tokiya o deixara ligado de propósito, para que não notassem que ele tinha percebido os intrusos. Deviam ter feito algum barulho que o alarmou.
- Isso é invasão, sabiam? - Continuou enquanto retornava ao banheiro e desligava o chuveiro.
- Nós viemos te buscar para o ensaio. - Masato disse a primeira coisa que veio à sua mente. Os outros quatro bateram na testa, balançando as cabeças negativamente. Todos eles sabiam que Tokiya jamais acreditaria naquela desculpa.
- Eu tenho carro, sabiam? - Voltou à sala, dessa vez já vestido. Cruzou os braços aborrecido. Seus olhos percorreram o aposento e passaram discretamente por onde ele sabia que seu cigarro estava. Ao perceber que ele estava bem visível, seu coração saltou.
- Bom, - Continuou Ren, tentando consertar o que Masato começara. - nós pensamos que-
- Não importa. - Tokiya o cortou. Os outros se olharam, percebendo seu nervosismo repentino. - Já que estão aqui, vou deixar meu carro em casa.
Pegou seu celular, sem imaginar que os colegas viram que ele ainda mantinha a foto de Otoya, e os empurrou para fora sem qualquer delicadeza.
Já no estúdio, a hora do intervalo demorou décadas para chegar. Exaustos, os 6 foram até o refeitório, onde almoçariam antes de retornar ao ensaio. Haruka já estava lá.
- Gente, - Começou Cecil. – Eu queria muito a opinião de vocês sobre uma coisa.
Os outros seis olharam curiosos para ele.
- Diga. – Ren lhe deu a permissão.
- Se, hipoteticamente falando, eu tivesse curiosidade de experimentar uma coisa, e escondesse de vocês, se um dia vocês encontrassem essa coisa, ficariam bravos comigo?
- Por que a pergunta? – Estranhou Natsuki.
- O que você tem vontade de experimentar? – Indagou Masato.
- Um cigarro.
Tokiya se engasgou com seu suco de laranja. Todos correram para acudi-lo.
- O que você disse? – Perguntou incrédulo o Ichinose.
- Que eu tenho vontade de experimentar, quero saber o que vocês acham disso.
- Ah, não sei. – Começou Syo – Eu acho que você não precisaria esconder da gente.
- E não precisaria ter vergonha se nós descobríssemos um dia. – Continuou Natsuki.
Haruka olhava desconcertada de um para outro, aflita. Ela os conhecia muito bem, sabia que estavam escondendo algo e que aquilo acabaria em discussão de algum modo.
- Se for só pra desestressar, eu recomendaria um eletrônico, que tem menos toxinas que um normal. – Recomendou Ren.
- E sem cheiro. – Completou Masato.
- O que você acha, Tokiya? – Perguntou Cecil, ao mesmo tempo que todos olharam para ele inquisidoramente.
O Ichinose fechou a cara.
- Eu acho que vocês são uns intrometidos. A opinião de vocês sobre isso não me importa, até porque, isso não diz respeito a nenhum de vocês.
- Claro que não. Diz respeito à Otoya. – Cecil confrontou-o.
Os dois se levantaram, se encarando.
- Pessoal, não briguem. – Interveio Haruka.
- Eu vou falar isso só uma vez, Aijima. – Avisou Tokiya. – Não se metam na minha vida.
- Nós vamos nos meter quando acharmos que isso pode nos afetar também. – O Aijima o desafiou.
Tokiya deu as costas a todos, indo em direção à saída do refeitório.
- Você não quer saber como ele está? – Perguntou Cecil, em voz alta. O Ichinose parou. – O agente dele nos ligou ontem.
Ele ficou em silêncio por muito tempo. Até que disse.
- Não me importa, ele fez a escolha dele. – E saiu.
oOo
Era domingo, o único dia da semana que não havia qualquer tipo de ensaio. Era de se esperar que Otoya quisesse sair, passear ou ter qualquer outro tipo de lazer. Mas às 10 da manhã, ele ainda estava debaixo das cobertas, vestido com seu pijama e assim queria ficar o dia todo. Culpa de seu maldito sonho, que o fizera acordar às 2 da madrugada e o impedira de dormir o resto da noite. Ao invés disso, o sono dera lugar à aflição.
Sonhou que finalmente voltara para a casa de Tokiya, só para descobrir que havia outra pessoa em seu lugar.
Ele sabia que isso era bem provável que acontecesse. Só de pensar nisso, seus olhos vermelhos e inchados novamente se enchiam de lágrimas, que escapavam pelo canto de seus olhos e umedeciam seu travesseiro. Soltando um soluço, puxou a coberta para cima de sua cabeça, até que esta a cobrisse por completo. Ali ele ficou, até que o oxigênio se dissipasse e ele precisasse de mais.
Não soube dizer em que momento ele cochilou, mas acordou assustado com alguém batendo à sua porta. Por alguns minutos o susto o fizera esquecer de onde estava. Ao olhar para o relógio, constatou que já passava do meio-dia e ele procurou em sua mente algum compromisso que pudesse ter esquecido. Como não pode se lembrar de nada que tivesse marcado com alguém, resolveu que não atenderia à pessoa que batia insistentemente em sua porta, pois ele sabia que seu estado era lastimável, e não era necessário se olhar no espelho para saber disso. Até que a pessoa falou.
- Otoya, nós sabemos que você está aí!
Era ninguém menos que Ren Jinguji. O que ele estaria fazendo ali? E... espera, ele disse "nós"? Otoya correu para a porta e escancarou-a. Ren, Masato, Syo, Cecil e Natsuki estavam ali, e o olharam boquiabertos, devido à sua aparência.
- Vocês...!
O ruivo esfregou os olhos, pensando se tratar de uma miragem, mas ao abri-los novamente, eles continuavam ali, de pé na sua frente. Seus olhos, que há muito tempo haviam se apagado, iluminaram-se. Um a um, todos abraçaram Otoya. Em seu rosto, fez-se um largo sorriso que hoje em dia raramente era visto. Quando abraçou o último, esticou o pescoço, esperançoso, procurando a pessoa que faltava.
A decepção apagou novamente seu olhar, quando ele percebeu o quão idiota havia sido.
- Ele não veio, não é? - Tentou disfarçar, sem sucesso, a tristeza em sua voz.
- Ele não sabe que viemos. - Justificou Cecil.
- Acho que não faria diferença se soubesse.
Deu meia volta e entrou novamente no apartamento, segurando a porta aberta em um claro convite para que os outros entrassem.
- E a Nanami?
- Preferiu ficar, pra que ele não desconfiasse que viemos.
Ele queria que os amigos tivessem escolhido um dia melhor para visitá-lo. As cortinas fechadas em um pleno dia ensolarado deixavam a casa abafada e com aspecto de abandono.
- Desculpem por... - Otoya abriu os braços, olhando ao redor. - bom, pela bagunça em geral.
- Não leve a mal, mas a sua casa tem cheiro de... - Começou Syo, sem saber como terminar.
- De quem não tomou banho. - Completou Ren.
Otoya franziu o cenho.
- Eu tomei banho.
- Quando? - Indagou Masato.
- Ontem...
Os cinco homens olharam fixamente para ele com as cabeças levemente inclinadas, aquele tipo de olhar de quem sabe que você está mentindo.
- ...de manhã. - O olhar fixo dos cinco continuou sobre ele. - Ah! Tá bom! Eu ensaiei a tarde toda ontem! - Confessou. - Agora parem de me olhar desse jeito.
- Argh! - Fizeram os outros.
- Ok! - Cecil bateu uma mão na outra, assustando todos. - Vamos pôr essa casa em ordem. Você! - Apontou para Otoya e em seguida para a porta que ele julgou ser do banheiro. - Vá tomar banho! Masato, abra as cortinas. Ren, procure uma vassoura por aí, esse chão está imundo. Natsuki, dá uma geral naquele quarto. Eu fico com a cozinha.
Masato o olhou com uma sobrancelha erguida.
- Quem morreu e te nomeou o chefe? - O Aijima lhe deu língua.
Todos começaram a se mexer deixando um confuso Otoya parado no meio da sala. Quando conseguiu processar tudo que acontecera ali, foi até seu quarto, pegou uma muda de roupas limpas e uma toalha. Observou Natsuki enquanto este arrumava sua cama, e disfarçadamente, pegou uma gilete que estava em seu criado mudo.
- Otoya! – Ren lhe chamou quando ele passava pela sala em direção ao banheiro, lhe dando um grande susto.
- O que foi? – Perguntou, com o coração aos pulos.
-  Por favor, me diga que nós não vamos encontrar nenhum tipo de droga por aqui.
- Vocês não vão encontrar nenhum tipo de droga aqui.
O Jinguji apenas acenou com a cabeça, mas o alívio era visível em seus olhos.
Otoya entrou no banheiro e trancou a porta, pegou um pedaço de papel higiênico e embrulhou o pequeno objeto em suas mãos, em seguida jogou-o no lixo.
Respirando aliviado, retirou a parte de cima do pijama. Em seu antebraço haviam inúmeros cortezinhos, vermelhos e levemente inchados, marcas que ele fizera em si mesmo na noite anterior. Apesar do aspecto feio, ele não sentia nenhuma dor. Ele já havia se acostumado com ela, pois essa dor física era mil vezes menor que sua dor interior.
O ruivo tocou as feridas, correndo seus dedos pelo braço até chegar ao pulso, onde havia uma fina linha branca, já cicatrizada. Ele fechou os olhos, pedindo desculpas aos amigos pelo que havia tentado fazer.
Enquanto isso, na cozinha, Cecil olhava com desespero para a pia.
- Jesus! – Exclamou.
Havia muita louça acumulada, mas ele reparou que não havia sequer uma panela ou prato sujo de comida, apenas copos e mais copos de café. Isso era preocupante.
- Achou alguma coisa suspeita por aí? – Indagou Masato.
- Bem, se você achar suspeito o fato de não ter nenhum prato sujo, mas sim um monte de copos de café, então sim.
Masato se aproximou da pia. Franziu o cenho e, sem dizer nada, abriu os armários da cozinha. Havia pouquíssima comida.
- Hum... Ele não está se alimentando direito, aposto.
- Parece que ele está vivendo só de café.
- Precisamos abrir os olhos dele. Ele está se matando aos poucos! Vou falar com o pessoal. - E saiu.
Quando Cecil terminou de lavar a louça, os outros já estavam reunidos na sala.
- Achamos que ele está com depressão. – Começou Natsuki.
- Isso combina com o que o agente dele nos disse. – O Aijima se sentou ao lado de Syo.
- O que nós vamos fazer? – Indagou o loiro. Quem respondeu foi Ren.
- Não vai adiantar tentar protegê-lo e fazermos de conta que não sabemos de nada. Vamos ter que ser mais duros com ele.
- Isso não vai ser pior? – Perguntou Masato. – Quer dizer, se ele está com depressão, vai precisar de amigos.
Ren suspirou.
- Eu sei. Mas se não for assim, ele nunca vai se abrir para nós. Eu sei que é difícil, mas precisamos fazer isso por ele.
- Eu entendo, mas ainda não gosto disso.
O Jinguji pegou em sua mão. A expressão dos outros dizia que todos concordavam com o Hijirikawa.
- Ele não está demorando muito? – Estranhou o Kurusu.
Mas assim que terminou a frase, Otoya saiu do banheiro, como se tivesse lido seus pensamentos. O ruivo olhou surpreso ao redor. Era como se estivesse em outro apartamento, muito mais arrumado e acolhedor do que estava acostumado. Há muito tempo não via sua casa assim. Lembrava-se que no começo costumava arrumá-la praticamente todos os dias antes de sair, mas conforme o tempo foi passando, ele foi tendo cada vez menos vontade de fazer isso.
- Obrigado por tudo que fizeram. – Se curvou para os amigos e saiu até a varanda, estendendo a tolha no sol radiante.
Os cinco amigos se entreolharam, nervosos. Era a hora da verdade. Quem começou foi Syo.
- Não está com calor, Otoya? – O ruivo usava uma camiseta de manga comprida, para esconder as marcas em seus braços.
- Não. – Respondeu. Quando Otoya sentou em um dos sofás, Cecil se sentou ao seu lado, passando um braço sob seus ombros.
- Otoya, tem uma coisa que nós queríamos te perguntar.
- Hum?
Repentinamente, o Aijima segurou seu braço direito com força e puxou a manga da camiseta para cima.
- O que é isso? – Perguntou com a voz dura.
Aterrorizado, Otoya puxou seu braço com violência, saindo de perto de Cecil e abaixando a manga imediatamente. Mas era tarde demais, ele podia ver pelo rosto de todos que eles tinham visto o que ele escondia.
- Não...! Como...? – Indagou confuso.
- Seu agente pediu a nossa ajuda, Otoya. Ele estava desesperado e nos contou o que você fez. – Continuou Ren. Todos os outros se levantaram e encararam Otoya com seriedade.
- Por quê? – Perguntou Syo.
- Podia ter pedido nossa ajuda. – Solidarizou-se Natsuki.
- Vocês não entendem... – Otoya parecia perdido. – Não entendem!
- Tem razão. – Era a vez de Masato. – Não entendemos como alguém tão cheio de vida como você pode tentar se matar!
Os olhos amedrontados do Ittoki se encheram de lágrimas e a primeira transbordou sem demora.
- Eu não vou... – Um soluço escapou de sua garganta. – Eu não vou admitir que me julguem!! – Gritou. – Vocês não sabem como eu me sinto, não entendem a minha dor!!
- Otoya-
- Acham que podem me ajudar!? Vocês não podem! VÃO EMBORA!!!!
Ele recuou, entrou no quarto e se trancou. Do lado de fora, os amigos ficaram encarando a porta fechada de seu quarto, com um sentimento de derrota no peito. Mas Cecil recusava-se a desistir. Tinha que trazer Otoya, a quem considerava um irmão, de volta à vida.
- OTOYA! ABRE ESSA PORTA AGORA! – Ele batia com força na porta, pronto para derrubá-la a qualquer instante.
- Cecil. – Chamou Natsuki. – Será que isso ajuda? – Ele estendeu um molho de chaves, que o Aijima pegou sem demora. Testou uma por uma até encontrar a que abriria a porta.
Otoya estava completamente debaixo das cobertas.
- Vão embora!! – Ordenou novamente. Estava com vergonha de encará-los.
- Mas que caralho!! – Esbravejou o Aijima. – Será que dá pra você ouvir o que nós queremos dizer??
Assustado com a explosão repentina do amigo, Otoya baixou a coberta até que essa mostrasse apenas os seus olhos, onde duas pequenas lágrimas escorreram.
- Ninguém está aqui para te julgar! Nós só queremos te ajudar!!
- Vocês não podem!
- Podemos se você deixar! Otoya, Tokiya está definhando como você. Ele também precisa de ajuda. Da sua ajuda!
À menção daquele nome, Otoya finalmente sentou-se.
- T-Tokiya? O que ele tem?
- O que você acha? – Dessa vez, foi Ren quem falou. – Ele nunca mais foi o mesmo desde que você foi embora, mas agora, ele está muito pior. Não consegue se concentrar nos ensaios, chega atrasado, erra nos shows. A agência está perdendo a paciência com ele. Temos medo que ele seja expulso do Starish.
- Não! Não podem fazer isso!
Otoya desesperou-se. Tokiya agia assim por sua causa? Se sentindo sufocado, colocou as mãos na cabeça, soluçando alto. Era muita pressão pra ele suportar. Não bastasse sua própria carreira estar indo por água abaixo, ele não podia suportar o fato de ter prejudicado o Ichinose, mesmo que indiretamente.
- Você pode ajudá-lo. – Syo sentou-se do seu lado, colocando uma mão suavemente em seu ombro.
- Não posso... Não posso voltar... – Ele estava à beira do pânico. Por que seus amigos não entendiam?
- Por que não pode?
- Porque... ele não vai me aceitar...
- Por que você acha isso?
Otoya precisou esperar que o acesso de choro parasse antes de responder.
- Quando eu fui embora... ele me disse que... – A dor da lembrança fez novas lágrimas escorrerem. – Me disse que eu se eu voltasse, ele não me aceitaria outra vez. Que, se eu fosse embora, aquela seria a última vez que nos veríamos.
Os amigos trocaram um olhar compreensivo. Agora entendiam porque ele nunca mais voltara.
- Quando eu fiz isso... – Tocou a cicatriz branca em seus pulsos. – Foi o dia que eu decidi que não podia mais suportar viver longe dele. Eu sei que vocês acham esse motivo idiota, dá pra ver na cara de vocês. – Ele enxugou as lágrimas, enquanto os outros cinco trocavam olhares culpados. – Mas eu não tive sorte... Meu agente me encontrou quando eu perdi os sentidos e me levou pro hospital. Não era tarde demais, e os médicos conseguiram reverter o meu quadro.
- Como você escondeu isso da mídia? – Quis saber Syo.
- Ah, eu tive que desembolsar alguns mil dólares. – Todos exclamaram, surpresos. – Bom, depois eu tive que ouvir um sermão daqueles do meu agente.
- Eu não entendo uma coisa. – Interrompeu Masato. – Se você estava tão mal por estar longe de Tokiya, não era muito mais fácil ter voltado? Mesmo que ele tenha dito que não iria te aceitar, você não podia tentar a sorte?
O queixo do ruivo tremeu.
- Eu tinha medo... Eu ainda tenho medo.
- Medo de quê? – Encorajou Cecil.
- De voltar, e ver que ele continuou a vida dele sem mim. Medo de voltar e encontrar outra pessoa no meu lugar.
- Não tem outra pessoa. – Garantiu Natsuki.
- Como você sabe? Ele sabe esconder segredos muito bem.
- Otoya tem certa razão. – Concordou Masato. – Lembram do dia que investigamos o apartamento dele? Do que encontramos lá? Não sabemos há quanto tempo isso vem acontecendo, sem que soubéssemos de nada.
- Masa, você não está ajudando. – Ren censurou-o.
Masato o olhou aborrecido e saiu do quarto.
- O que vocês encontraram? – Quis saber Otoya.
- Um cigarro. – Respondeu Cecil. – Não sabemos há quanto tempo ele vem fumando escondido.
- Mas... – Otoya ficou confuso. – Ele sempre repudiou essas coisas...
- Pois é...
- E como vocês não perceberam? Isso não é uma coisa que dá pra esconder. É tipo comer mexerica, não dá pra fazer escondido.
Ren suspirou.
- O cigarro que encontramos era eletrônico e sem cheiro.
O ruivo engoliu com dificuldade.
- Podem me deixar sozinho?
Todos assentiram e saíram sem dizer nada.
Otoya deitou-se de costas na cama, passando as mãos no rosto. Não podia acreditar naquilo, o que Tokiya achava que estava fazendo com a vida dele? Ele saíra do Starish para dar estabilidade à banda, para que as brigas acabassem, não para que Tokiya acabasse com sua carreira como ele mesmo fizera.
Sentia raiva de si mesmo. Como pudera ser tão egoísta ao pensar que só ele estava sofrendo? Ergueu as mangas, olhando as marcas em seus braços. Fazia aquilo em si mesmo para aliviar a dor e angústia que sentia, mas de repente, algo assustador passou em sua mente. E se, por acaso, Tokiya fizesse o mesmo? E se ele também se mutilasse para poder suportar a saudade e a solidão?
- Não!!
Gritou, sentando-se de repente. Tokiya não podia fazer aquilo consigo mesmo. Ao contrário dele, Tokiya não estava sozinho. Suas ações não afetariam apenas ele, mas sim os amigos e colegas de banda.
Na sala, Masato olhava a rua pela janela. Ren se aproximou e abraçou seus ombros.
- Me desculpe. - O Hijirikawa apenas pousou a cabeça em seu ombro.
Muitas horas se passaram. Já eram quase 5 da tarde quando Otoya finalmente saiu do quarto. Havia algo diferente em seu olhar.
- Eu preciso de ajuda.
Os cinco correram, aliviados, e o abraçaram ao mesmo tempo.


Notas finais:

Quem ler atentamente perceberá um easter egg nesse capítulo XD
Eu sei que eu estou abordando um tema muito delicado, ainda mais depois de 13 reasons why, e espero ter sido coerente com o que é realmente passar por isso (já que eu nunca passei por isso, não tenho com o que me basear)
Espero que possam dar sua opinião sobre o capítulo, seja ela positiva ou não.
Beijos de chocolate <3
Ler Mais

domingo, 11 de novembro de 2018

Capítulo 1 - Sentindo sua falta

Notas iniciais:

Yoo, minna-san!! Eu decidi escrever essa fanfic de última hora em homenagem a uma leitora muito querida que faz aniversário dia 17/04!
Mayuri Furukawa, essa é pra você! Em agradecimento a todo o seu apoio e carinho com Dormindo com o Inimigo <3
Você me pediu um especial TokixToya, então espero que goste.

Feliz aniversário <3


Capítulo 1 - Sentindo sua falta

Hitori ja nai kara ne
Você não está mais sozinho


Bokura ga tsutsunde ageru
Nós vamos te envolver


Mamorasete
Me deixe protegê-lo


Ari no mama kimi wo…
Não importa aonde você esteja


Haato ni hibikasete
Deixe ecoar no seu coração


Kimi to iu na no onpu wo
Esta nota final com o seu nome


Sekai de ichiban no hanataba ni
No melhor buquê de flores do mundo


Chizu wa ashita wo sashiteru
O mapa aponta para o amanhã


Nanairo ni somete
Tingido pelas sete cores



Otoya olhou para sua xícara de café. Sua visão oscilou e por um instante o objeto ficou irreconhecível, só voltando ao seu formato real quando a lágrima que bloqueava sua visão caiu sobre a mesa. Ele virou a cabeça para a esquerda, onde havia uma janela pela qual ele podia visualizar a rua e seus transeuntes, mais à frente, era possível ver o mar. Do quarto andar, é claro que ninguém poderia vê-lo também.
Ele, o famoso e cobiçado cantor, conhecido por sua simpatia e por estar sempre sorridente, poderia ter comprado qualquer lugar que quisesse, mas preferiu aquele singelo e razoavelmente pequeno apartamento somente pela vista que poderia desfrutar da janela de seu quarto. Ele e seu namorado sempre sonharam em morar em um lugar com vista para o mar. O tamanho não importava, desde que estivessem juntos.
Agora ele finalmente encontrara o lugar ideal. Agora que não estavam mais juntos. O tão alegre e sorridente Otoya Ittoki não era mais tão alegre e sorridente. Seu mundo desmoronava aos poucos, a cada dia que passava, a cada manhã que acordava sozinho, a cada show que cantava solitário no palco.
E tudo aquilo era culpa dele mesmo.
As brigas constantes e o ciúme excessivo destruíram sua relação com o homem que tanto amou. Tokiya Ichinose, um antigo companheiro da banda Starish, e seu ex-namorado, era bonito e popular. As garotas se jogavam em seus braços aos montes, se oferecendo para ele sem pudor. No começo ele não ligava, mas o tempo foi passando, a banda ficou famosa e tudo saiu de seu controle. As brigas começaram e a cada vez ficavam piores. Mas então eles se reconciliavam em tórridas noites de amor e ele pensava que tudo ficaria bem novamente. Mas isso era só até o próximo evento, show ou o que quer que aparecesse em sua agenda. Começava tudo de novo, em um ciclo agoniante e sem fim.
Tokiya não entendia como ele se sentia. Ficava bravo com o ciúme sem sentido do namorado e novamente eles brigavam. Então Otoya ia embora. Ficava em um hotel qualquer por um tempo e seguia sua vida longe de Tokiya. Mas a saudade sempre o fazia voltar e quando menos esperava, já estava de volta, dividindo a cama com o homem que amava. E Tokiya sempre o aceitava de volta, disposto a acreditar que dessa vez seria diferente.
Que grande engano.
Nada mudava. Melhorava por algum tempo, mas então tudo desabava e suas vidas novamente viravam um inferno. Então Otoya cansou de ser incompreendido. Cansou de ser sempre o errado da relação. Cansou de sentir que sufocava Tokiya com seus sentimentos negativos. E principalmente, cansou de sua maldita baixa autoestima, responsável por suas crises de ciúme. Quando percebeu, havia saído da banda e abandonado Tokiya.
Para sempre.
Haviam se passado 3 anos. 3 anos de solidão, 3 anos de depressão cada vez mais profunda. Apesar de ser bem sucedido em sua carreira solo, haviam dias que eram difíceis de suportar. Como aquele, em que ouvir uma simples música no rádio elevava sua depressão ao auge.
Mas ela não era uma simples música, era a música que Tokiya cantara inúmeras vezes para ele. Me deixe protegê-lo, não importa aonde você esteja.
- Tokiya...
Ele soluçou. Seu peito quase explodia com a saudade esmagadora que ele sentia. De repente ele sentiu uma vontade imensa de voltar, rever Tokiya, abraçá-lo e beijá-lo. Mas então a verdade aterradora caiu sobre ele.
- Pra quê? Nada vai mudar. Nunca vai mudar!
Num súbito acesso de raiva, jogou a xícara longe, ouvindo-a se partir e derramar o conteúdo que se espalhou rápido pelo tapete.
oOo
Tokiya estava deitado no sofá. Em seu colo, haviam muitos papéis e anotações para as novas músicas do Starish. Olhava fixamente para o nada, pensando em coisas sem sequer se dar conta de que o fazia. Com “coisas”, é claro que eu quero dizer “Otoya”.
Ele tinha certeza de que, se estivesse ali, o ruivo estaria agora deitado sobre si, escutando-o cantar e sorrindo docemente para ele. Quase podia vê-lo ali, e, num ato automático, levou a mão para onde deveria estar sua cabeça. Subitamente, percebeu a idiotice que acabara de fazer, e tomado por um repentino sentimento de solidão, olhou ao seu redor, para a casa estranhamente vazia. Fazia 3 anos que ele tinha ido embora, mas ele se lembrava de sua presença ali como se fosse ontem.
Passou a mão pelo cabelo, bagunçando-o, e levantou-se. Precisava fazer alguma coisa para não enlouquecer, então resolveu que tomaria um bom banho.
Entrou debaixo do chuveiro e fechou os olhos, sentindo a água quente escorrer pelo seu corpo. A água lavava as lágrimas que vieram sem avisar, tão espessas que Tokiya podia até mesmo distingui-las. Abraçou o próprio corpo, soluçando audivelmente enquanto a água quente levava sua dor embora. Queria Otoya ali, mas ao mesmo tempo não sabia dizer se o aceitaria se um dia ele voltasse.
Esse misto de sentimentos o esgotava. Estava cansado de se sentir sempre mal-humorado e sem paciência. Sabia que os amigos e colegas de banda nada tinham a ver com seu problema amoroso, mas eram eles que geralmente pagavam o pato.
Terminou o banho, se secou e se vestiu. Ao sair, seu coração veio à garganta. Otoya estava ali, sentado no sofá, como se nunca tivesse ido embora. Ao vê-lo, sorriu radiante, como costumava fazer sempre que o via. Tokiya congelou, não estava preparado emocionalmente para esse encontro tão repentino.
Quando o ruivo se levantou, ele não soube o que fazer. Deu um passo vacilante para trás. Então Otoya parou na sua frente, esticou a mão e tocou sua face.
- Tokiya, há quanto tempo.
Ao ouvir sua voz, lágrimas escorreram de seus olhos. Sua mão pousou sobre a de Otoya, como se fosse necessário senti-lo para saber que aquilo era real.
- O-Otoya...
O ruivo riu.
- Por que está chorando?
- Por que você acha?
Otoya abriu seu típico sorriso e abraçou-o. Tokiya o envolveu em seus braços, sentindo o cheiro do perfume que lhe dera.
- Tokiya, eu te amo.
Como ele sentia falta de ouvir essa frase. E só naquele momento ele percebeu isso. Afastou seu corpo, olhando profundamente o rosto de seu amado, e uniu seus lábios aos dele sem cerimônia. Otoya deixou que ele comandasse o ato. Limitou-se a segurar seus braços, sem dar espaço para a troca de carícias tão típica entre os dois.
O contato entre suas línguas provocou um choque no corpo dos dois. Era essa sensação que eles tanto sentiram falta, a sensação de estarem completos, de serem amados. Agora, estando juntos novamente, não podiam acreditar em como puderam ficar separados por tanto tempo. Estavam loucos, só podia!
Tokiya sentia o desejo correndo como fogo por suas veias, e sabia que não podia continuar naquele beijo suave por mais tempo. Segurou seu rosto, empurrando-o até encontrar algo sólido. Era a grande porta de vidro, que se encontrava fechada naquele momento. As mãos de Otoya largaram seus braços e passaram a correr por suas costas, acendendo mais ainda o corpo de Tokiya.
Eles se beijaram o quanto puderam aguentar segurar o fôlego. Mas uma hora ele acabou e tiveram que se separar. Tokiya enxugou os olhos e disse.
- Eu te amo mais que tudo nesse mundo. Por favor, diga que nunca mais vai embora.
O Ittoki desviou o olhar.
- Otoya! Não...! – Ele segurou o rosto do ruivo e forçou a encará-lo. Haviam lágrimas em seus olhos.
- Desculpe, Tokiya... Eu não posso voltar.
Se desvencilhou de seus braços e lhe deu as costas. Tokiya estendeu o braço para segurá-lo.
- Não!!!! – Gritou.
Ele estava sentado na cama, com o braço estendido para a frente. Seu rosto estava suado. Olhou para os lados, confuso, já era de manhã. Sua atenção parou no travesseiro vazio ao lado do seu.
- Droga, foi só mais um sonho.
Então ele olhou para baixo e percebeu que estava com a “barraca armada”. De novo.
- Ahh!! – Gemeu, frustrado, caindo de costas na cama. Aquilo acontecia toda vez que sonhava com o ruivo. Isso queria dizer quase todo dia.
Levantou-se, zangado. Recusava-se a se aliviar na mão novamente. Entrou no banheiro e ligou o chuveiro no frio. Quando entrou, soltou um palavrão, pois seu corpo estava ardendo de calor. Passados alguns minutos, percebeu que a água fria não resolveria seu problema, pois ainda estava duro como ferro.
- Droga! – Exclamou. – Não tem jeito.
Pegou em seu membro e bombeou suavemente. Fechou os olhos e aumentou o ritmo, se encostando na parede quando suas pernas vacilaram. A água já não parecia mais tão gelada.
Ele gemeu quando uma onda forte de prazer subiu por sua espinha, fazendo seu corpo se arrepiar. Continuou se masturbando rápido, do jeito que Otoya sempre fizera com ele.
- Otoya... – O nome saiu instintivamente de seus lábios. – Ahn...
Aumentou a carícia. Ele já não se dava mais conta de que era ele mesmo que fazia tal ato, pois de olhos fechados, sua mente lhe pregava uma grande peça, fazendo-o imaginar que Otoya estava ali, ajoelhado na sua frente.
Ele gemeu mais alto. Em sua mente, passavam flashbacks das várias vezes que eles transaram bem ali, debaixo do chuveiro. Ele se lembrava com detalhes do corpo perfeito do ruivo e sua pele branca. Uma pegada mais forte ou até um tapa sem força em sua bunda era suficiente para deixá-la vermelha instantaneamente. Ele se lembrava com perfeição de seus gemidos e de como ele gostava quando Tokiya puxava seus cabelos com força. Se lembrava de sua voz pedindo por mais. “Mais, Tokiya!”, “Mais forte!”, “Mais rápido!”. E se lembrava, principalmente, da sensação de estar dentro do ruivo, de transar com ele a noite toda e fazê-lo gozar inúmeras vezes.
Seu corpo precisava de alívio urgente. Apertou a mão em volta de seu membro e bombeou rápido. Imaginou a voz de Otoya sussurrando em seu ouvido.
- Goza, amor...
Então o orgasmo veio em jatos longos e fortes. Ele gemeu alto e longamente, continuando a masturbação até que a sensação do orgasmo passasse completamente. Então, sem forças, ele caiu sentado no chão, a respiração ofegante. Por um momento, sua mente ficou em branco, fazendo-o esquecer momentaneamente de sua dor.
Mas quando abriu os olhos, a verdade dolorosa o abateu. Ele estava sozinho novamente. Escondeu o rosto nas mãos e deixou a água levar o seu pranto.


Notas finais:

O link para a música Mirai Chizu:
https://www.youtube.com/watch?v=Mbdor6sQaUk. 
Eu não achei a música original no Youtube, mas achei essa que não está ruim XD
Espero que gostem!
Beijinhos da Hime <3
Ler Mais

You are my life - Sinopse


Sinopse:

Dizem que o amor cura tudo, mas e quando mesmo amando com todo o coração o medo e a  insegurança são maiores? Será que posso ter uma chance mesmo depois de anos longe? Talvez a saudade faça o coração gritar pelo seu nome...
Será que existe a possibilidade de reviver os bons tempos do amor ao seu lado?

Categorias:

Uta no prince-sama

Avisos:

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Homossexualidade, Insinuação de sexo, Nudez, Sexo
Os personagens encontrados nessa história são de propriedade da Broccoli.
História sem fins lucrativos, feito de fã para fã.

Gêneros:

Drama, Tragédia, Romance, Lemon, Yaoi (Gay)



LISTA DE CAPÍTULOS:

1 - Sentindo sua falta
Ler Mais

Redes Sociais

Twitter Facebook Google Plus LinkedIn RSS Feed Email Pinterest

Posts Populares

Categorias

Páginas

Pesquisar este blog

Todas as fanfics criadas são de propriedade da autora. Tecnologia do Blogger.

Capítulos em Destaque

Capítulo 3 - Surpresa no meio da noite

Notas iniciais: Um agradecimento especial à querida Mayuri-chan, minha stalker super fofa <3 Quem diria que, ao te oferecer uma fanfic ...

Fanfic's publicadas

BTemplates.com

Blogroll

About

Copyright © My Fanfics Yaoi | Powered by Blogger
Design by Lizard Themes | Blogger Theme by Lasantha - PremiumBloggerTemplates.com